Edwin Hubble

O Homem Que Nos Fez Enxergar Além das Estrelas

ÍNCONES DA HISTÓRIA

Arthur Noronha

5/14/20253 min read

Por Arthur Noronha
14-05-2025

Quando Edwin Powell Hubble ergueu os olhos para o céu no início do século XX, ele não buscava apenas estrelas. Buscava respostas. Questionamentos que ecoam na mente humana desde que aprendemos a olhar para o firmamento com mais do que só admiração. E foi com uma combinação rara de curiosidade, rigor científico e uma sensibilidade quase poética que ele mudou, para sempre, o modo como entendemos o universo.

De garoto do Missouri ao gigante da astronomia

Edwin nasceu em 20 de novembro de 1889, na pequena cidade de Marshfield, no estado do Missouri, Estados Unidos. Ainda jovem, sua família se mudou para Illinois, onde ele cresceu entre livros e sonhos. Inteligente e atlético, Hubble chamou atenção não só nas salas de aula, mas também nos campos de esporte. Foi campeão de salto em altura, jogou basquete e ainda encontrou tempo para devorar as obras de Shakespeare e estudar matemática avançada.

Curiosamente, a ciência não foi sua primeira escolha de vida. Ele se formou em Direito pela Universidade de Oxford a pedido do pai, que queria vê-lo como advogado. Mas o chamado das estrelas falou mais alto. Após a morte do pai, Hubble retornou aos Estados Unidos e mergulhou de vez na astronomia, cursando doutorado na Universidade de Chicago. Era o início de uma jornada que levaria a humanidade para além da Via Láctea.

O universo que se expande

Em 1919, Edwin Hubble passou a trabalhar no Observatório do Monte Wilson, na Califórnia, lar do então mais poderoso telescópio do mundo. Foi ali que ele protagonizou uma das maiores revoluções científicas do século XX.

Na época, acreditava-se que a Via Láctea era a totalidade do universo. Hubble, no entanto, observando as chamadas "nebulosas", percebeu algo extraordinário: algumas delas estavam, na verdade, muito além da nossa galáxia. Em 1924, ele anunciou que Andrômeda não era uma nebulosa dentro da Via Láctea, mas sim outra galáxia inteira. E, mais do que isso, havia inúmeras outras espalhadas pelo cosmos.

Poucos anos depois, Hubble deu outro passo além. Ao comparar a luz das galáxias distantes, percebeu um fenômeno conhecido como desvio para o vermelho. Quanto mais distante a galáxia, mais sua luz parecia estar "esticada", indicando que ela estava se afastando. A conclusão era tão surpreendente quanto simples: o universo estava se expandindo.

Essa descoberta abalou os pilares da cosmologia e ofereceu uma base sólida para o que hoje conhecemos como Teoria do Big Bang.

Silêncio e estrelas

Apesar de sua importância científica, Edwin Hubble era um homem discreto, quase avesso aos holofotes. Preferia o silêncio dos observatórios, o som das engrenagens dos telescópios e o brilho longínquo das galáxias.

Era conhecido entre colegas por sua elegância e sua fala serena. Ele enxergava a astronomia como algo que tocava o espírito humano, não apenas como um campo da ciência. “Equipped with his five senses, man explores the universe around him and calls the adventure Science”, disse certa vez.

Legado eterno

Edwin Hubble faleceu em 28 de setembro de 1953, aos 63 anos. Seu corpo não foi enterrado nem cremado. Até hoje, o paradeiro exato de seus restos mortais permanece desconhecido, cercado de certo mistério, como as próprias estrelas que ele estudava.

Mas seu legado nunca desapareceu. Em 1990, a NASA lançou ao espaço o telescópio que levaria seu nome, o Telescópio Espacial Hubble. Uma homenagem justa a quem expandiu nossos horizontes. Desde então, o Hubble já capturou imagens de galáxias distantes, estrelas em nascimento e até mesmo os primeiros sinais do universo em seus momentos iniciais.

Um olhar que atravessa o tempo

Mais do que números, fórmulas e observações, Hubble nos deixou uma nova forma de enxergar. Não apenas o espaço, mas a nossa própria existência. A descoberta de que o universo está se expandindo, que somos apenas uma parte ínfima em um oceano de galáxias, nos coloca em perspectiva e, ao mesmo tempo, nos enche de poesia.

Edwin Hubble não era apenas um cientista. Era, acima de tudo, um explorador do invisível. Um homem que olhou para o escuro do céu noturno e teve coragem de dizer: “há mais lá fora do que podemos imaginar”.