Experimento Filadélfia

O USS Eldridge Desaparece na Névoa

MISTÉRIOS

Arthur Noronha

5/17/20253 min read

Por Arthur Noronha
17 de maio de 2025

O sol daquela manhã de outubro de 1943 nas águas tranquilas da Filadélfia mal contrastava com a inquietação que se espalhava entre os oficiais da Marinha dos Estados Unidos. Havia um rumor quase impossível de acreditar, mas que, ainda assim, circulava em sussurros pelo estaleiro: o barco de escolta USS Eldridge havia se tornado invisível. Mais do que isso, dizia-se que ele havia desaparecido de um ponto e surgido a dezenas de quilômetros de distância em segundos, para então retornar, deixando na sua esteira homens enlouquecidos, corpos fundidos com o casco e segredos que jamais veriam a luz do dia.

A história ganhou força quando o engenheiro naval Carl Allen, assinando como “Carlos Miguel Allende”, enviou uma série de cartas a um pesquisador chamado Morris K. Jessup. Nessas mensagens, ele afirmou ter testemunhado pessoalmente os estranhos acontecimentos enquanto servia como soldado embarcado em outra embarcação ali perto. Segundo Allen, ele viu um brilho esverdeado, uma névoa espessa e um zunido metálico que parecia atravessar o corpo. Quando tudo voltou ao normal, descobriu-se que alguns tripulantes estavam desorientados, outros haviam enlouquecido e havia relatos de homens que se fundiram ao casco, obrigando os oficiais a rasparem o metal para libertar pedaços de pele, ossos e uniformes.

Oficialmente, a Marinha nega qualquer experiência desse tipo. Documentos classificados como “sem registros” sugerem que o USS Eldridge participou normalmente de escoltas no Atlântico, sem interrupções inexplicáveis. Ainda assim, diversos veteranos veteranos afirmam ter ouvido histórias contadas a portas fechadas, em bases militares silenciadas pelo medo. Um deles, o antigo marinheiro Thomas M., hoje com noventa anos, lembra vagamente de um experimento secreto que envolvia a invisibilidade e a teoria de campos eletromagnéticos. Ele não participou diretamente, mas disse ter ouvido um oficial mais graduado comentar sobre “um equipamento tão poderoso capaz de dobrar o espaço-tempo”.

Já no campo das supostas provas, fotos e testemunhos visuais alimentaram a lenda. Há um negativo fotográfico preto e branco que mostra apenas uma silhueta turva no convés vazio do Eldridge, como se o navio fosse um vulto de fumaça pronto a se dissipar. Há também depoimentos de moradores de Cape May, em Nova Jersey, que juram ter visto o navio surgir na costa em meio a uma espessa névoa, apenas para desaparecer instantes depois. Luzes estranhas dançavam no céu e um zumbido insistente ecoava pelas ruas, lembrando um motor elétrico fora de sintonia.

Com o passar dos anos, pesquisadores independentes vasculharam arquivos, tentaram reproduzir os experimentos em escala menor e coletaram fragmentos de relatórios originais. Alguns indicam investimentos em pesquisas de “camuflagem naval” e “campo magnético intensificado” na época da Segunda Guerra. Outros, apelidando o projeto de “Philadelphia Experiment”, sugerem que as experiências faziam parte de esforços para proteger comboios de ataques de submarinos alemães, tornando-os invisíveis ao radar e ao olho humano.

As testemunhas, contudo, divergem em suas versões. Há quem fale em pessoas que atravessaram o convés como se fossem fantasmas, até que se dissolveram em partículas de luz. Há os que contam sobre múltiplos navios envolvidos, não apenas o Eldridge, e sobre uma vigília constante de cientistas e militares, temendo vazamentos. Por fim, há aqueles que duvidam de tudo, atribuindo os boatos a psicose coletiva, mal-entendidos meteorológicos e experiências de radar comuns na época, reinterpretadas em um contexto de conspiração.

A única certeza é que nem uma única prova concreta foi apresentada ao público em plena clareza. Os documentos oficiais permanecem escondidos, as testemunhas envelhecem e o USS Eldridge segue sua trajetória silenciosa nos anais da história militar, sem indícios confirmados de que tenha se tornado invisível ou que tenha atravessado o espaço-tempo. Ainda assim, o fascínio por aquilo que chamamos de Phenomenon Filadélphia resiste, unindo céticos e crentes em torno de uma pergunta: até que ponto a ciência pode dobrar a realidade sem romper as próprias leis que governam o universo?

E se, em algum armazém abafado da Marinha, repousarem experimentos guardados a sete chaves, esperando o momento de ressurgir? Talvez a verdade esteja escondida atrás de um véu de silêncio, prestes a ser descortinado quando tivermos tecnologia, coragem e, quem sabe, sorte suficientes para olhar além do que nos ensinam a ver. Por enquanto, a lenda permanece viva, pulsando em cada história contada ao luar, em cada fotografia borrada e em cada carta que atravessa continentes, sussurrando que há mistérios que a ciência ainda não ousou revelar.