NASA Analisa a Maior Tempestade Geomagnética em 20 Anos
Lições e Desafios para o Futuro
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Arthur Noronha
5/14/20253 min read


Por Arthur Noronha
14 de maio de 2025
Em maio de 2024, a Terra foi surpreendida por um evento raro e impressionante: a maior tempestade geomagnética registrada nos últimos 20 anos. Classificada como G5, o nível mais alto da escala utilizada para medir a intensidade dessas ocorrências, a tempestade trouxe impactos visíveis e invisíveis que despertaram tanto o fascínio do público quanto a atenção da comunidade científica.
A origem do fenômeno foi a região ativa solar AR 13664, uma das mais intensas observadas neste ciclo solar. Essa região emitiu uma sequência de ejeções de massa coronal, conhecidas como CMEs, que viajaram pelo espaço e colidiram com o campo magnético da Terra em um intervalo muito curto. O acúmulo dessas colisões formou o que especialistas chamam de “tempestade perfeita”. Ao contrário de uma única ejeção, essas sucessivas CMEs potencializaram os efeitos geomagnéticos, prolongando a atividade por dias e elevando a intensidade do distúrbio.
O resultado foi sentido de várias formas. Em diferentes partes do planeta, especialmente em latitudes onde auroras não são comuns, o céu se iluminou com cores vibrantes. Pessoas na Flórida, no sul do Brasil, no norte da África e até em regiões próximas ao equador relataram ter presenciado o espetáculo celeste. No entanto, além da beleza, o fenômeno trouxe também desafios.
Diversos satélites em órbita baixa da Terra enfrentaram dificuldades. A tempestade aumentou a densidade da atmosfera superior, gerando maior arrasto e exigindo ajustes de trajetória em tempo real para evitar a perda de equipamentos. Sistemas de posicionamento global, como o GPS, apresentaram instabilidades em regiões inteiras por longos períodos. Companhias aéreas precisaram revisar rotas que cruzavam polos magnéticos, onde os efeitos eram mais severos. Em solo, operadores de redes elétricas relataram correntes induzidas que, em alguns casos, ameaçaram a estabilidade de infraestruturas energéticas sensíveis.
A NASA, junto a outras agências espaciais e instituições de pesquisa, monitorou cada etapa do fenômeno com atenção. A combinação de dados obtidos por observatórios solares espaciais, como o Solar Dynamics Observatory e o Solar and Heliospheric Observatory, permitiu mapear a formação e trajetória das CMEs. Já satélites como o GOES e o DSCOVR auxiliaram no monitoramento em tempo real do impacto na magnetosfera terrestre.
Os cientistas destacam que esse evento foi uma oportunidade única para validar modelos de previsão de clima espacial. Diferentemente das previsões meteorológicas da Terra, que contam com décadas de dados e tecnologias consolidadas, o monitoramento solar e a antecipação de tempestades geomagnéticas ainda enfrentam muitos desafios. Esse episódio, por sua magnitude e complexidade, fornecerá material valioso para melhorar a precisão dos modelos e antecipar futuras ameaças com mais eficácia.
Outro ponto relevante revelado pelo episódio foi a vulnerabilidade crescente da sociedade moderna a esse tipo de fenômeno. Com a digitalização de serviços, a expansão de satélites de comunicação e a dependência de tecnologias sensíveis ao clima espacial, um evento de grande magnitude pode representar não apenas um espetáculo, mas uma séria ameaça à infraestrutura global.
Especialistas reforçam que, embora eventos como esse sejam raros, eles não são imprevisíveis nem impossíveis de ocorrer novamente em breve. O Sol está se aproximando do pico do seu ciclo de atividade, que ocorre aproximadamente a cada 11 anos. Isso significa que outras tempestades solares poderão ocorrer nos próximos meses ou anos, exigindo vigilância contínua e investimentos em tecnologia de prevenção.
Enquanto o brilho das auroras ainda ecoa na memória de muitos observadores ao redor do mundo, os cientistas seguem atentos, analisando dados e extraindo lições. A maior tempestade geomagnética em duas décadas não apenas nos mostrou a força do Sol, mas também revelou o quanto ainda precisamos aprender e nos preparar para conviver com ele.
fonte: https://science.nasa.gov/science-research/heliophysics/what-nasa-is-learning-from-the-biggest-geomagnetic-storm-in-20-years/