Matéria Escura, Energia Escura

O grande Mistério Cósmico

MISTÉRIOSCURIOSIDADES

Arthur Noronha

5/14/20253 min read

O Universo Invisível: Matéria Escura, Energia Escura e o Grande Mistério Cósmico

Por Arthur Noronha
14 de maio de 2025

Em algum ponto entre o visível e o invisível, entre o que os nossos telescópios detectam e o que a física ainda não consegue explicar, vive uma das maiores incógnitas do cosmos: a matéria escura e a energia escura. Juntas, elas compõem aproximadamente 95% do universo, e mesmo assim, permanecem praticamente invisíveis aos nossos olhos e instrumentos.

A pergunta que guia cientistas há décadas é tão simples quanto assustadora: como entender um universo cuja maior parte é feita de algo que não podemos ver, tocar ou sequer medir diretamente?

O que é a matéria escura?

A matéria escura não emite luz, não absorve luz, não reflete luz. É, na prática, completamente invisível. Ainda assim, sabemos que ela está lá. Como? Porque sua presença é sentida nos efeitos gravitacionais que exerce sobre galáxias e aglomerados galácticos.

Imagine ver um redemoinho no oceano, mas sem enxergar a água. Você percebe o movimento, a força, a direção, mas não vê o que está por trás. Assim é a matéria escura. Ela mantém as galáxias coesas, evitando que se desfaçam por conta da velocidade com que giram. Sem ela, boa parte do universo como conhecemos simplesmente não existiria.

"É como se estivéssemos olhando para uma peça de teatro onde os protagonistas estão nos bastidores, movimentando tudo, mas nunca sobem ao palco", compara a astrofísica brasileira Dra. Helena Moura, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

E a energia escura?

Se a matéria escura atua como uma cola invisível que mantém as galáxias unidas, a energia escura parece fazer o oposto: ela impulsiona a expansão acelerada do universo. Descoberta no fim da década de 1990, a energia escura é ainda mais misteriosa, não apenas porque não sabemos o que é, mas porque desafia tudo o que pensávamos entender sobre gravidade.

Quando astrônomos observaram supernovas distantes e notaram que estavam se afastando mais rapidamente do que o previsto, veio o choque: o universo não está apenas se expandindo, mas acelerando essa expansão. A explicação mais aceita? Uma força invisível que atua contra a gravidade: a energia escura.

Hoje, acredita-se que ela represente cerca de 68% do conteúdo do universo, enquanto a matéria escura ocupa cerca de 27%. Toda a matéria que conhecemos, estrelas, planetas, poeira cósmica, você e eu, representa apenas 5%.

O desafio da ciência

Apesar dos avanços em tecnologia e observação espacial, ainda estamos tateando no escuro quando se trata desses componentes. O telescópio espacial James Webb, por exemplo, promete ajudar a decifrar parte desse enigma, mas mesmo ele encontra limites quando se trata de "ver" o invisível.

Físicos do mundo todo trabalham com modelos teóricos que tentam explicar esses fenômenos. Alguns apostam em partículas hipotéticas, como os WIMPs (partículas massivas que interagem fracamente), como candidatas à matéria escura. Outros exploram ideias ainda mais ousadas, como a modificação das leis da gravidade ou a existência de dimensões adicionais.

O impacto em nossas vidas

Pode parecer algo distante da realidade cotidiana, mas entender a matéria e a energia escura é mais do que uma curiosidade científica. É uma tentativa de compreender o próprio tecido do universo, e, por consequência, o nosso lugar nele.

Além disso, a busca por essas respostas impulsiona inovações tecnológicas que, mais cedo ou mais tarde, acabam chegando até nós. Da computação quântica aos sistemas avançados de imagem, os frutos dessa jornada cósmica frequentemente reverberam aqui na Terra.

Um mistério que nos conecta

Talvez o mais fascinante nesse enigma seja o quanto ele nos une. Cientistas de todos os cantos do planeta, de observatórios no deserto do Atacama ao gelo da Antártida, compartilham dados, ideias e hipóteses em uma corrida não por lucro ou poder, mas por entendimento. Em tempos de tantas divisões, olhar para o céu ainda é uma forma de lembrar que estamos todos sob o mesmo universo, e que ele, ainda hoje, nos guarda mais perguntas do que respostas.

Enquanto isso, continuamos olhando para o céu noturno. Sabendo que há muito mais ali do que podemos ver. E confiando que, aos poucos, o invisível se torne compreensível.