Nikola Tesla
O Gênio Esquecido que Acendeu o Mundo
ÍNCONES DA HISTÓRIA
Arthur Noronha
5/12/20253 min read


Por Arthur Noronha
12 de maio de 2025
Quando se fala em eletricidade, logo vêm à mente nomes como Thomas Edison ou Benjamin Franklin. Mas, muitas vezes, o nome de Nikola Tesla é ofuscado por esses gigantes da história, apesar de ter sido ele quem, literalmente, acendeu o mundo moderno.
Tesla foi mais do que um inventor. Foi um sonhador. Um homem à frente do seu tempo, movido por uma inquietude quase espiritual por conhecimento e por uma visão tão ampla que, por vezes, nem ele mesmo conseguia explicar totalmente.
O Menino do Relâmpago
Nikola Tesla nasceu em 10 de julho de 1856, na aldeia de Smiljan, no Império Austríaco (atualmente Croácia). Há um detalhe curioso ,quase poético ,sobre seu nascimento: veio ao mundo durante uma violenta tempestade elétrica. A parteira, temerosa, teria dito que aquilo era um sinal de mau agouro. A mãe, no entanto, respondeu: “Não, ele será uma criança da luz.” Palavras que hoje soam proféticas.
Criado em uma família sérvia, Tesla era filho de um sacerdote ortodoxo e de uma mãe autodidata que criava engenhocas em casa. Foi dela que herdou o gosto por inventar. Desde pequeno, demonstrou um raciocínio fora do comum e uma memória fotográfica quase sobre-humana. Podia visualizar projetos inteiros na mente antes de sequer tocar um lápis.
A Chegada à América: Um Sonho e um Choque
Em 1884, Tesla chegou aos Estados Unidos com apenas quatro centavos no bolso e uma carta de recomendação nas mãos. A carta era endereçada a ninguém menos que Thomas Edison, a quem Tesla foi trabalhar logo depois. O choque entre os dois gênios era inevitável. Edison era um homem prático, obstinado por resultados imediatos. Tesla, um visionário abstrato, guiado por ideias e intuições.
Quando Tesla apresentou sua proposta de corrente alternada (CA), Edison , defensor ferrenho da corrente contínua (CC) ,a rejeitou. O que se seguiu ficou conhecido como a "Guerra das Correntes", uma batalha técnica e também pessoal. Tesla acabou se aliando ao empresário George Westinghouse, que acreditou em seu projeto de CA ,um sistema mais eficiente e capaz de transmitir energia a longas distâncias. E foi essa tecnologia que venceu, iluminando a Exposição Mundial de Chicago em 1893 e depois, definitivamente, as cataratas do Niágara.
O Inventor que Desafiou os Limites
Tesla registrou mais de 300 patentes. Ele criou o motor de indução, desenvolveu o rádio (anos antes de Marconi), idealizou a lâmpada fluorescente, a bobina que leva seu nome e uma série de projetos que até hoje nos espantam ,como a transmissão de energia sem fios, precursora do Wi-Fi.
Mas nem tudo que imaginou virou realidade. Um de seus maiores sonhos, a Torre Wardenclyffe, construída em Nova York, foi um projeto ousado para transmitir energia sem fio a todo o planeta. Financiado inicialmente por J.P. Morgan, o projeto faliu quando os objetivos de Tesla se mostraram distantes demais dos interesses comerciais. A torre foi destruída, e com ela, parte do espírito de Tesla também ruiu.
Solidão, Excentricidade e Declínio
Com o tempo, Tesla foi se isolando. Recusava prêmios, entrevistas e homenagens. Alimentava pombos no parque e vivia em hotéis, onde costumava sair sem pagar, deixando apenas suas invenções e anotações como garantia.
Sofria de distúrbios obsessivos, evitava joias, odiava o toque humano e fazia cálculos matemáticos incessantes para tudo o que via. Não tolerava a ideia de tocar em cabelos ou ver esferas redondas. Chamavam-no de excêntrico, louco , e talvez fosse, em parte. Mas havia método, lógica e genialidade em sua estranheza.
Tesla morreu sozinho, em 7 de janeiro de 1943, em um quarto de hotel no 33º andar do New Yorker Hotel, com 86 anos. Morreu endividado, desacreditado, mas cercado por manuscritos e desenhos de um mundo que ainda não existia.
O Legado Que Demorou a Brilhar
Após sua morte, o governo dos Estados Unidos confiscou seus documentos. Muitos deles ainda geram teorias sobre armas de energia, invenções ocultas e tecnologia extraterrestre. O mistério ajudou a manter o nome de Tesla vivo no imaginário popular, mesmo quando a história oficial o havia deixado de lado.
Décadas depois, cientistas e engenheiros reconheceram sua contribuição monumental para o mundo moderno. Hoje, o nome Tesla estampa carros elétricos, filmes, livros e é símbolo de inovação ,ainda que, ironicamente, o homem por trás do nome jamais tenha tido um carro, nem gostasse de dirigir.
O Gênio Humano
No fim, Tesla era, acima de tudo, humano. Um homem que amava a ciência mais do que a si mesmo, que via a eletricidade como uma extensão da natureza divina e acreditava que o conhecimento deveria ser gratuito.
Em uma de suas últimas entrevistas, Tesla disse:
"O presente é deles; o futuro, pelo qual eu realmente trabalhei, é meu."
E o tempo, como sempre, lhe deu razão.