A Tempestade Solar do Século
O Que a NASA Está Aprendendo com o Maior Evento Geomagnético em 20 Anos
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Arthur Noronha
5/13/20253 min read


Por Arthur Noronha
13-05-2025
Em maio de 2025, a Terra foi atingida por um espetáculo cósmico que não se via com tamanha intensidade desde 2003: uma tempestade geomagnética de proporções extraordinárias. O evento, que capturou a atenção de cientistas, observadores do céu e agências espaciais ao redor do mundo, foi provocado por uma série de ejeções de massa coronal (CMEs) que partiram do Sol em rápida sucessão. A NASA, por meio de sua divisão de heliosfísica, tem se dedicado a estudar os efeitos desse fenômeno raro, não apenas para entender melhor a dinâmica solar, mas também para aprimorar a proteção das infraestruturas tecnológicas na Terra.
Durante um período de apenas alguns dias, múltiplas CMEs colidiram com o campo magnético da Terra, resultando em uma tempestade classificada como G5 , a categoria mais alta na escala de intensidade da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA). Auroras boreais e austrais iluminaram céus em regiões inesperadas, incluindo estados do sul dos EUA, o norte da Europa e áreas da Austrália e Nova Zelândia, proporcionando um espetáculo visual ao público e um alerta técnico para cientistas e operadores de satélites.
Para a NASA, essa foi uma oportunidade única de observação e análise. Graças a uma constelação de satélites heliosféricos como o Solar Dynamics Observatory (SDO), o Parker Solar Probe e o Solar and Terrestrial Relations Observatory (STEREO), os cientistas conseguiram monitorar em tempo real o comportamento das partículas solares e o impacto que elas tiveram ao atingir a magnetosfera terrestre.
O ponto central da investigação gira em torno da interação entre múltiplas CMEs consecutivas , um fenômeno conhecido como "canibalização de CME", onde uma ejeção posterior alcança e se funde com a anterior, aumentando sua força e velocidade. Esse tipo de fusão amplifica o campo magnético carregado que chega à Terra, o que pode intensificar os efeitos da tempestade geomagnética.
O impacto desses eventos vai muito além das belas auroras. Redes elétricas, sistemas de navegação por satélite (GPS), comunicações de rádio em alta frequência e até mesmo voos comerciais em rotas polares podem ser afetados. Durante o auge da tempestade de maio, alguns satélites experimentaram mudanças na densidade da atmosfera superior, o que alterou suas órbitas temporariamente. Embora nenhum dano catastrófico tenha sido registrado, o evento serviu como um alerta claro da vulnerabilidade das tecnologias modernas a atividades solares intensas.
Segundo os cientistas envolvidos no estudo, a tempestade também demonstrou a importância de se investir em monitoramento contínuo e previsão do clima espacial. Uma das grandes lições tiradas do episódio foi a necessidade de modelos mais precisos para prever o tempo exato da chegada de uma CME e a intensidade com que ela impactará o campo magnético terrestre.
A tempestade de maio foi, em muitos aspectos, um laboratório natural para a comunidade científica. A quantidade de dados coletados sobre os ventos solares, a propagação das partículas, a compressão da magnetosfera e a resposta atmosférica terrestre é vasta e está sendo cuidadosamente analisada. Há uma expectativa de que esses dados possam contribuir para o aprimoramento dos sistemas de alerta precoce , algo crucial para proteger satélites, astronautas em missões espaciais e até mesmo redes elétricas em terra firme.
Com o ciclo solar 25 aproximando-se do seu pico de atividade, previsto para 2025-2026, eventos como o de maio podem se tornar mais comuns. Para a NASA e outras agências espaciais, este não é apenas um desafio científico, mas uma responsabilidade tecnológica. Garantir a resiliência de nossos sistemas frente ao poder do Sol será uma missão fundamental nos próximos anos.
Em meio às incertezas de um universo em constante mudança, a tempestade de maio de 2025 não foi apenas um lembrete da grandiosidade do Sol, mas também uma prova do quanto ainda temos a aprender sobre a complexa relação entre a Terra e a estrela que nos dá vida. E nessa jornada, cada explosão solar é uma lição , às vezes, escrita em luzes dançantes no céu noturno.
fonte: https://science.nasa.gov/science-research/heliophysics/what-nasa-is-learning-from-the-biggest-geomagnetic-storm-in-20-years/