Viagem no Tempo

A ciência e o sonho

MISTÉRIOSCURIOSIDADES

Arthur Noronha

5/16/20253 min read

Por Arthur Noronha
16 de maio de 2025

Durante séculos, a humanidade olhou para o céu buscando respostas, mas foi ao olhar para o tempo que muitos passaram a fazer as perguntas mais profundas. O que é o tempo? Podemos atravessá-lo como atravessamos uma estrada? Podemos retornar ao passado ou vislumbrar o amanhã com mais do que simples previsões? A ideia de viagem no tempo não é apenas um capricho da ficção científica. É uma provocação séria que tem mobilizado físicos, filósofos e sonhadores ao longo da história.

A teoria da relatividade de Albert Einstein, publicada no início do século XX, foi o primeiro grande passo para transformar a ficção em algo matematicamente plausível. Segundo a teoria, o tempo é relativo e pode ser alterado dependendo da velocidade em que um objeto se move. Isso quer dizer que, ao viajar próximo à velocidade da luz, um ser humano poderia experimentar o tempo de maneira diferente em relação a quem permanece em repouso. Em termos práticos, isso seria uma forma de "viajar ao futuro", mesmo que apenas por frações de segundo em contextos experimentais.

Mas e quanto ao passado? Esse continua sendo o maior mistério, e talvez, o maior tabu científico. Voltar no tempo envolve paradoxos difíceis de resolver. O mais conhecido é o paradoxo do avô. E se você voltasse ao passado e impedisse que seu avô conhecesse sua avó? Você deixaria de existir. Mas se não existisse, não poderia ter voltado no tempo para impedir esse encontro. Esse tipo de contradição tem mantido muitos cientistas acordados durante a noite e não apenas por diversão teórica.

Alguns físicos, como Kip Thorne, Nobel de Física e consultor do filme Interestelar, já exploraram modelos matemáticos que envolvem buracos de minhoca. Essas são estruturas teóricas que poderiam conectar dois pontos distintos no espaço-tempo. Em laboratório, essas ideias ainda estão longe de se tornarem realidade, mas a mera possibilidade de que o tempo seja uma dimensão maleável já é combustível suficiente para manter o debate aceso.

Fora dos laboratórios e das universidades, a discussão também encontrou espaço entre pessoas comuns que relatam experiências estranhas. Histórias de "saltos no tempo", déjà vus profundos, ou até mesmo sonhos vívidos que parecem vindos de outros séculos são cada vez mais compartilhadas em fóruns e redes sociais. Embora a ciência exija provas e repetições, é inegável que há um fascínio coletivo pelo tema.

Na Universidade de Veridale, um grupo de estudantes e pesquisadores iniciou recentemente um projeto multidisciplinar chamado CronoEstudo. A ideia é mapear tanto os avanços teóricos quanto os relatos subjetivos sobre a percepção do tempo. Uma das coordenadoras, a física Gabriela Torres, explica que o objetivo não é provar que alguém viajou no tempo, mas entender por que o cérebro humano reage tão intensamente a essa possibilidade. "A viagem no tempo nos afeta porque mexe com nossa relação com a memória, o arrependimento e a esperança", diz Gabriela. "Se você pudesse mudar apenas um segundo do passado, faria isso? E qual seria o preço?"

Por outro lado, especialistas em tecnologia quântica alertam que ainda estamos presos às limitações do nosso entendimento atual. Para muitos, a viagem no tempo só seria possível se conseguíssemos manipular dimensões além das quatro que conhecemos: altura, largura, profundidade e tempo. Isso implicaria em descobrir leis da física ainda desconhecidas. Em outras palavras, talvez nem estejamos fazendo as perguntas certas.

E é justamente aí que reside o coração da questão. A viagem no tempo não é apenas um problema científico. É também uma questão profundamente humana. Quem nunca quis reviver um momento importante? Ou saber o que o futuro reserva para uma decisão difícil? Mais do que atravessar eras, o desejo de viajar no tempo é um desejo de compreender melhor a vida, com todas as suas perdas e promessas.

Por enquanto, seguimos presos ao presente. Mas é um presente que pensa, que questiona, que ousa imaginar. E talvez seja essa ousadia que um dia nos leve não apenas a viajar no tempo, mas a entender, enfim, o que ele realmente é.